Defesa de Direitos Humanos com foco principal na criança e adolescente

Arquivo para 14/08/2011

Kassab veta a criação do Dia do Orgulho Heterossexual

Cesar Camasão e Adriana Ferraz
do Agora

São Paulo não terá o Dia do Orgulho Heterossexual. Em entrevista exclusiva ao Agora, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) revela que vetou o projeto de lei aprovado na Câmara por considerar a ideia despropositada. Segundo ele, o heterossexual não precisa de dia para se afirmar.

Agora – O senhor vai sancionar o projeto que cria o Dia do Orgulho Heterossexual?
Gilberto Kassab – Vetarei o projeto do orgulho heterossexual porque é despropositado. O heterossexual é maioria, não é vítima de violência, não sofre discriminação, preconceito, ameaças ou constrangimentos. Não precisa de dia para se afirmar. Em determinados momentos históricos, as mulheres, os negros, minorias raciais e outros sofreram brutalidades, ofensas e hoje têm os seus dias no calendário. Essas datas, sim, têm sentido, pois estimulam a tolerância, a paz e a solidariedade entre as pessoas.

fonte http://www.agora.uol.com.br/saopaulo/ult10103u959407.shtml

 

Kassab vai vetar o Dia do Orgulho Heterossexual

Depois de declarações contra a ideia, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, decidiu que vai mesmo vetar o projeto de lei de autoria do vereador Carlos Apolinário (DEM) que criou o Dia do Orgulho Heterossexual.

A justificativa é boa: a Constituição Brasileira.

http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2011/08/14/kassab-vai-mesmo-vetar-o-dia-do-orgulho-heterossexual/

Convite – Título de Cidadão Paulistano post-mortem: VIRGÍLIO GOMES DA SILVA

Na segunda-feira, dia 15 de agosto, às 19 horas, o companheiro VIRGÍLIO GOMES DA SILVA – nosso “Jonas” da ALN – receberá o título de Cidadão Paulistano post-mortem na Câmara Municipal de São Paulo.

Virgílio morreu na Operação Bandeirantes – DOI-CODI – na rua Tutóia em 29 de setembro de 1969, após ser preso e torturado até a morte. Até hoje está desaparecido. Seu corpo está sendo procurado no cemitério de Vila Formosa, através de ação inicial solicitada pelo Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo ao Ministério Público Federal, que acatou o pedido.

Sua companheira, Ilda Martins da Silva, foi presa com três dos quatro filhos, a mais nova com quatro mese s. Os dois mais velhos, Vlademir, com 9 anos na época, e Virgílinho, de apenas 8, chegaram a ficar presos no Dops e foram interrogados, de acordo com documentos da própria polícia.  Foram depois encaminhados ao Juizado de Menores, onde ficaram por dois meses, sem nenhum contato com a família.

Ilda, também violentamente torturada, ficou presa por dez meses, quatro deles incomunicável. Perseguida após sair do Presídio Tiradentes, seguiu um ano depois para o exílio, inicialmente no Chile e depois em Cuba, de onde retornou após a formatura dos quatro filhos em Engenharia, em Havana.

Francisco Gomes da Silva, o nosso companheiro Chiquinho, irmão mais novo de Virgílio, já falecido, além de ferido e torturado na época da prisão, permaneceu preso por dez anos.

Este é um convite e uma convocação.
Reverenciar a memória de Virgílio é um privilégio e uma obrigação para todos que participaram da luta de re sistência à ditadura, e também para os que hoje honram sua memória na continuidade da luta pelos Direitos Humanos em nosso país, em busca de um Brasil justo e sol idário para os que vieram e os que vierem depois de nós.

Um abraço fraterno,

Rose Nogueira
Grupo Tortura Nunca Mais – SP

….a imprensa, a justiça e a imagem dos presos….

 

a pretexto de documentar ou criticar um vazamento a imprensa acaba por fazê-lo existir

Outro dia assistia num quarto de hospital a um desses programas policiais de fim de tarde, em que os apresentadores gritam e denunciam barbaridades, ao mesmo tempo em que deliciam seus ibopes divulgando-as.

O caso era de uma criança de 5 anos, flagrada no interior de um baile funk.
Durante cerca de quinze minutos, apresentador e comentarista criticavam a exposição de uma criança tão pequena a um ambiente tão vulgar –ao mesmo tempo em que a imagem repetia freneticamente o rebolado de uma dessas mulheres-comida que o marketing sexista produz toda semana.

O comentarista criticava o excessivo hedonismo de quem apenas se preocupa com a exposição do corpo –voz ao fundo, pois a imagem da mulher rebolando, em trajes mínimos, não parou um só minuto.

Algo como: olhe bem aquilo que não se deve mostrar.

Uma espécie de “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, porque se é para não expor crianças ao que entende como vulgaridades, melhor seria não mostrá-las no meio da tarde, não é mesmo?

Um sentimento similar me ocorreu ao ver as fotos de presos provisórios da última operação da Polícia Federal na primeira página da Folha de S. Paulo –e na página do meio do caderno de política do Estadão- encabeçando matérias que reproduzem críticas sobre a exposição de presos. Parece que a imagem tinha saído primeiro na capa de um jornal do Amapá.

É certo que só se pensa na exposição da imagem do preso, quando ele tem alguma “imagem” a zelar. Só quando a classe alta vai ao inferno, se reclama da existência do Diabo.

Já foi assim quando um empresário foi preso nos anos 80 e sua identificação datiloscópica (“tocando piano”) foi fartamente exibida pela imprensa. O fato resultou na proibição constitucional de se colher na delegacia as digitais de quem se identifica com documento e acabou por gerar inúmeros processos e prisões de pessoas erradas, porque alguém portava suas carteiras no momento em que foram presas.

O mesmo ocorreu com o emprego de algemas, que levou até a edição de uma Súmula Vinculante, suscitada pela prisão temporária de empresários, embora as algemas sejam fartamente utilizadas no cotidiano de presos pobres.

Mas convenhamos, se é um abuso mostrar a figura de presos provisórios sem camisa com uma placa com seu respectivo número de identificação na polícia, como forma de punir pela humilhação –porque é que os jornais as reproduzem?

O vazamento das fotos dessa natureza pode até ser de responsabilidade da polícia –mas sem a publicação pelos jornais, o vazamento seria absolutamente inócuo.

A pretexto, então, de documentar, de descortinar o abuso, ou até mesmo de criticá-lo, a imprensa acaba justamente por fazê-lo existir.

É possível lavar as mãos depois?

E já que a defesa dos direitos se inicia mesmo quando os de cima são feridos, não será o caso, então, de aproveitar a situação para recolocar em discussão o tema do abuso de imagens de presos, cotidianamente mostrados como animais abatidos pelo sensacionalismo de plantão?

E aqui retornamos aos programas mundo-cão do fim da tarde, cujos princípios, métodos e estilos, verdade seja dita, cada vez mais se espalham pela ‘imprensa tradicional’.

Fica a dica para um tema que anos atrás chegou a ser regulamentado pela Justiça na cidade de São Paulo: imagens de pessoas presas só podiam ser exibidas com a autorização simultânea do próprio preso e do juiz responsável.

 

Publicado originalmente em Sem Juízo, por Marcelo Semer